A voz é um instrumento essencial da comunicação humana, presente nas mais variadas formas de expressão e interação em contextos sociais, profissionais e artísticos (Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala). No entanto, existem situações em que a saúde vocal pode estar comprometida, afetando a qualidade de vida e funcionalidade comunicativa.

 

O que é?

A disfonia, vulgarmente chamada de rouquidão, pode estar presente em várias patologias da voz. É uma condição de saúde muito comum e pode comprometer a qualidade da comunicação e, consequentemente, a relação social do indivíduo, afetando diretamente a sua qualidade de vida (Wilson et al. 2002). Normalmente reconhece-se a existência de perturbação da voz quando: a altura tonal, a sensação de intensidade e/ou a qualidade vocal são desagradáveis ou inadequadas para a idade e sexo do indivíduo, do ponto de vista social e/ou familiar; o indivíduo refere desconforto ou dor ao falar; causa alguma preocupação ao próprio que necessita de ser resolvida (Verdolini 1994; Fawcus 2000; Guimarães 2007). Esta perturbação pode ocorrer em qualquer altura do ciclo de vida.

 

Causas

A disfonia ou perturbação da voz pode ter diversas causas, por exemplo:

  1. Lesões de massa localizadas afetam a zona membranosa das pregas vocais, a glote e o espaço ventricular, podendo ser lesões uni ou bilaterais. Como exemplos destas lesões, podemos referir nódulos, pólipos, quistos, papilomas, granulomas, úlceras de contacto, hiperplasia epitelial (leucoplasia, hiperqueratose, queratose e acantose) e neoplasias (Verdolini 1994; Guimarães 2007);
  2. Alterações tecidulares da prega vocal como o edema de Reinke, a laringite, o sulco glótico, a verruga nas pregas vocais, o trauma e a hemorragia (Verdolini, 1994);
  3. Perturbações neurológicas podem resultar de lesões do sistema nervoso central (SNC) ou do sistema nervoso periférico (SNP). No âmbito das alterações do SNP e SNC podem ser evidenciadas as paralisias laríngeas;
  4. Perturbações não Orgânicas ou de Tensão Muscular, podem ser categorizadas da seguinte forma: hipofuncional ou hipocinética; hiperfuncional ou hipercinética; fonação ventricular; voz de falsete; afonia ou disfonia de conversão.

 

Consequências

O impacto de uma alteração vocal na qualidade de vida depende da importância da voz relacionada a diversos fatores particulares, inclusive o seu uso na profissão, sem necessariamente apresentar relação direta com o grau da disfonia (Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala).

 

Intervenção

A intervenção na disfonia envolve a redução de fatores causais encontrados após avaliação do Otorrinolaringologista e Terapeuta da Fala. A intervenção pode envolver vários procedimentos, tais como: cirurgia, repouso vocal e/ou reabilitação por terapia da fala. 

Após avaliação médica de Otorrinolaringologia, o terapeuta da fala determina, em conjunto, o tipo de terapia adequada à disfonia encontrada e a sua severidade.

A intervenção do Terapeuta da Fala, visa em minimizar a disfonia, através de exercícios vocais e mudança/diminuição de aspetos do comportamento responsáveis pela perturbação vocal.

 

Cuidados com a Voz

A prevenção é o melhor caminho para a manutenção de uma voz saudável. Desta forma, deve:

  • Beber entre um a dois litros de água – à temperatura ambiente – por dia
  • Fazer intervalos para repouso vocal e beber água
  • Não fumar
  • Manter uma alimentação saudável
  • Evitar gritar e/ou falar muito alto
  • Entre outros

 

Quando devo marcar consulta com um especialista?

A avaliação e acompanhamento dever ser iniciada o mais precoce possível. É importante não esquecer que quando a rouquidão e esforço vocal persiste não é normal.