Urologia

A importância do auto-rastreio do Cancro do Testículo

Este alerta surge em relação a um Cancro que atinge homens sobretudo em idade jovem, o segundo mais frequente entre os 15 e os 35 anos.

De acordo com a Globocan – World Health Organization tratamos cerca de 260 novos casos por ano em Portugal. Esta incidência tem vindo a aumentar nos últimos anos.
Clinicamente apresentam-se como lesões sólidas intra-testiculares de consistência pétrea, às vezes com alguma inflamação ou líquido extratesticular associados. Estes, porém, não são os únicos sinais e por vezes o Cancro do Testículo pode ser diagnosticado num contexto de uma sensação de adormecimento ou dor testicular.
Desvalorizar o nódulo duro e palpável intra-testicular mesmo que mínimo atrasa o diagnóstico. Por vezes estes doentes, a maioria deles jovens, só procuram o médico após o nódulo crescer durante um ou dois anos.
É urgente sensibilizar a população em geral para o auto-rastreio (palpação sistemática e regular do escroto) e respectiva consulta com o Urologista ao mínimo sinal de alarme.

Os atletas de alta competição como jovens que são têm entrado nas estatísticas deste cancro, no entanto não existem fatores de risco associados a profissões ou práticas desportivas. Os fatores de risco mais consensuais serão o testículo que não desceu para dentro do escroto (criptorquidia), antecedentes familiares de neoplasia testicular, infertilidade, síndrome de Klinefelter entre outros mais raros.
Nos dias que correm, o diagnóstico não é uma sentença de morte, mas precede um annus horribilis em alguns destes doentes. Isto porque, entre a notícia, a cirurgia, a orientação, o seguimento e a recuperação emocional, pessoal e familiar do doente, passa pelo menos um ano até acreditarem que tiveram Cancro no Testículo e estarão curados. A maioria dos casos resume-se à orquidectomia radical com colocação de prótese testicular em silicone (a cirurgia que remove o testículo com cancro). Consoante a caracterização histológica do tumor e o estadio, pode seguir-se vigilância, quimioterapia ou, em último recurso, a linfadenectomia retroperitoneal. Esta cirurgia é reservada a tumores com doença ganglionar à distância (metástases retroperitoneais) que persistem após a quimioterapia.

Apesar de ser uma jornada difícil é possível curar doentes com Cancro do Testículo e metastização ganglionar retroperitoneal e até pulmonar. A taxa de cura é alta. Os tumores de bom prognóstico, mais pequenos e limitados ao testículo, têm uma taxa de sobrevivência superior a 90-95% aos 5 anos.
Desta forma, é urgente a sensibilização mediática para o auto-rastreio. Muito têm ajudado neste capítulo alguns atletas de alta competição curados.

O Cancro do Testículo também pode hipotecar a fertilidade, seja pelo próprio tumor em si, seja pela necessidade de quimioterapia. Quando diagnosticamos um doente, a primeira coisa que fazemos é a criopreservação de esperma, verificando a qualidadade dos espermatozóides recolhidos e preservando-os.

Importa finalmente falar da multidisciplinariedade no tratamento e acompanhamento destes doentes, envolvendo valências como a Urologia, a Oncologia, a Psicologia, colocando-as em diálogo e ao serviço de uma abordagem personalizada do doente.

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